29 de abr. de 2011

Tempo padecido


Ter o medo escorrendo nas horas.
Sugar o susto, sobrar o assombro dum ponteiro.
Saber nascer com os pequenos mundos estranhos que o cercam
Deixá-los envelhecer assim que pedirem
Seu tempo padecido.

RVC 

28 de abr. de 2011

O que apenas não aconteceu


Para um poeta é necessária a embriaguez diária da mentira,
bebei a mentira das ruas,

das pessoas,

da cidade,

do mundo e de si.

Ide e tomai este imenso porre do que apenas não aconteceu.

E poetizará tua verdade particular por debaixo dos lençóis.

RVC

26 de abr. de 2011

Coetânea saudade

O fogo queima o sândalo que incensa o quarto, 
Uma pequena brasa queima a pele... 
A lembrança nascida
dali e’ também um pouco sua. 
O calor, e este excitante   
encontro do quente
com o corpo trazem a
contemporânea 
saudade que e’ Tua.


RVC

25 de abr. de 2011

Epílogo dum homem comum

Deusa te ofereço sacrifícios poliandricos,
santa lhe faço elogios castos,
se bruxa disponho dos seus sinceros ofícios.
Amante a como.
Se há tantas numa porque querer muitas?


RVC




20 de abr. de 2011

Rio deus castanho II

A cidade se apresenta diluída no que é
ou apenas fingi estar.

Ela pinta os móveis e imóveis que encontra no caminho.

O dia padecerá pintado; e guardara no cofre das horas o ainda não vivido,

O Rio hoje é um deus castanho.

RVC

19 de abr. de 2011

Para amantes as escondidas


A acidez da fruta.

Só ela é testemunha:

Do gosto teu residindo na boca,

Do idioma que inventamos

E que se fala com os olhos,

Dos mapas corporais

Percorridos

Com as mãos,

Das noites cheias de nós

E de lua

E desse imenso silêncio

Que hoje nós calará para o mundo.




RVC

11 de abr. de 2011

Herói diferente



Documentário de curta duração produzido em 2010 e dirigido por Rafael Caetano que retrata um dia na vida de Rodrigo morador da Rocinha, pai de família e artista. A obra ironiza o mito do Super-homem contemporâneo vendido pela sociedade de consumo.

6 de abr. de 2011

Lembranças do Centauro e da Sirena

Lembra das pequenas favelas que criamos nas noites longas de vicios e vacilos?
Não.
Tu só lembra  mar.
E
eu só lembro selva.