28 de fev. de 2011

Rezo Samba

Guardo nos olhos da rua

as luas e as rodas de samba

que encontrei.

Reservo nas seis cordas

do meu violão

o som duma reza quieta

e ritmada por bandeiro, viola e alegria.

Bebo o que o samba me dá,

como o que o samba me oferece,
respiro samba nos ares

que me levam por ai.

RVC

21 de fev. de 2011

Famílias na Rocinha sofrem com descaso público


 

Os moradores da localidade conhecida como Macega na Rocinha tiveram suas casas destruídas por um incêndio na tarde do último sábado, 19 de fevereiro. O fogo iniciou num dos barracos e se espalhou pela vegetação e atingiu as casas próximas. Os moradores tentaram apagar o fogo por conta própria porque os bombeiros não chegavam. As famílias agora estão desabrigadas.

A Macega fica localizada na encosta do Morro dos Imãos que circunda parte da Rocinha. A área é de mata atlântica, portanto deveria ser protegida pelo governo por meio de uma prática de políticas ambientais. A localidade não tem: Água, esgoto, luz elétrica e asfalto. A maioria lá vota. As habitações ERAM de madeira e telhas.

O que pensar de um Sistema de Governo da dita jovem democracia brasileira que não garante habitação digna para os seus cidadãos? Como podemos falar em política de segurança enquanto não há segurança nas áreas urbanas aonde os serviços públicos não chegam? Essas famílias trabalhavam, contribuíam na produção da riqueza nacional, o tal do PIB, e não tinham parte da gorda fatia do consumo dos bens disponíveis nessa sociedade. Porque a economia tem que deixar a competição por territórios e bens chegar a tal ponto?

Senhores governantes façam um último bem ao seu país; cometam suicídio! Dessa forma A REFORMA POLITICA poderá ser uma reforma do Sistema de Governo.



Opinião de domínio público e publicada gentilmente.

18 de fev. de 2011

Todo homem é um escritor






Outro dia Erasmo de Roterdam andava pela Rua do Ouvidor numa daquelas tardes de sábado e um homem com a camisa do Vasco da Gama, O Gigante da Colina, travou uma longa conversa com ele. Em certo momento Erasmo foi perguntado sobre livros. No que resultou o seguinte diálogo que transcrevo com a memória e paciência de um catalogador de livros.

Homem - Você então quer ser escritor? Lançar um livro?

Erasmo de Roterdam - Como assim? Você somente considera escritor quem lança um livro?

Homem - Sim. Pois os escritores estão nas editoras. As editoras dão a estes a devida publicidade para seus escritos. Ter um livro publicado é fundamental para ser um escritor, como diria Diderot!

Erasmo de Roterdam - Mas o que você me diz dos livros digitais, blogs, downloads e links de domínio público usados por vários escritores para divulgar suas obras?

Homem - Ora estes, não são livros. Os livros estão nas livrarias, bibliotecas e lugares apropriados para tal obra da humanidade. Um livro pode ter suas folhas de papel tocadas por nossos dedos.

Erasmo de Roterdam - Os livros seriam apenas de papel?

Homem - Por que não seriam? Já imaginou Goethe, Boal ou Zola a escrever nessas coisas ai!

Erasmo de Roterdam - Meu caro amigo vascaíno saiba que os livros já foram escritos em pedras, couro, madeira entre outros materiais, por favor, não se prenda pela materialidade, mas sim pela obra do autor...

Homem - Que absurdo. Um filho da puta a me dizer tais sandices como se eu fosse desprovido de razão!

Erasmo de Roterdam - Ma vá à merda! Não ver que há contradições em seu palavrório!

Homem - Chega somos dois homens racionais e terminaremos a conversa por aqui antes de saímos na pancada. Até mais ver!

Erasmo de Roterdam – Até seu louco.

E saíram aquele torcedor do Cruzmaltino Carioca a reclamar das coisas que discordam do seu discurso e Erasmo de Roterdam a questionar os outros. Naquela tarde deduzir três coisas:

Os homens esquecem cotidianamente da mediocridade do seu conhecimento diante do devir das coisas.

Todo homem pode escrever. O escritor pode escrever. Logo todo homem é escritor.

E a mais importante: O nosso Vasco deixa a torcida mal humorada.



©Rafael Vate Caetano é vascaíno, escuta a conversa dos outros e homem, logo escritor













17 de fev. de 2011

Um bocado bocado





                                                         
                                   Na cidade passeia o absurdo.
Ele
desobvia
os passos,
os laços
e
as amantes.
Habituariamente devora o distraído.
Depois do absurdo Camus, café e Cigarro
Calam as vontades.
No retrato
Da cidade, e em mim,
Habitam
Bocados
De Absurdo.

RVC































16 de fev. de 2011

Circulo Vício



Nas ruas ainda rolam as sobras

Dos dias passados.

Deles guardo as fotos e

Alguma réstia de memória

d o

Ainda não esquecido.

No entardecer da vida

Os ócios e os futuros negócios

Serão testemunhas:

Esses dias viveram em mim.



RVC

15 de fev. de 2011

Carta exilada

Quantas saudades cabem num poema ?
Abro as gavetas do poema .
Me caem dali todos os cheiros,
Toques,
Melodias,
E imagens.
Os afazeres dum vate bulidos,
Mexidos, rapidamente domesticados
Pelo habito vestido.
Por hora descanso o que falta-me, e
Conto as conchas
furadas
pelo
vento.
Quantas saudades cabem num poema ?

RVC

14 de fev. de 2011

Liberto o mar


O que é liberdade?

é não ter cais, porto

ou amor onde possa descansar...                               

Talvez seja insistir em sobrar

as velas

porque o vento dorme.

Numa vã tentativa

de paz

comunicar a si mesmo

que está foragido.

surdar os ouvidos

se ela cantar,

Impor vontades,

comer as razões,

Afirmar o bar

enquando

te esperam no altar.

Quem sabe liberdade é

beber o mar

porque amar

lhe é

obvio?


RVC

 

11 de fev. de 2011

Homem das cavernas encontrado na Praia do Sono


O homem das cavernas isolado da sociedade foi filmado por documentarista nas horas vagas na Praia do Sono. A espécie de homideo vivia até agora na extensa vegetação do local. Segundo cientistas que passavam férias no local  o homem das cavernas se alimenta principalmente de ervas e mulheres. Testemunhas afirmam que o exemplar raramente visto não é um ET.

O fazedor de jogo da velha lançamento exclusivo


Direto da Praia do  Sono o nosso comercial sobre essa inacreditáverlmente incrível novissíma novidade.

Em breve: mundial de jogo da velha na Praia do Sono. Um oferecimento:  fazedor de jogo da velha !

10 de fev. de 2011

A Trilogia do Centauro




I

Ela se finda na cama,

Eu também sei findar-me.                                    

Adormecem as vontades

Encobertas pelo lençol

Dessa noite.

O corrido do tempo, fugido,

Teima em nós enrolar

Com um pouco mais de tempo.

Descansa o pouco de mar nela,

Repousa a selva em mim.

Após o café o abraço acordará.

Nós ainda dormiremos,

Eu Centauro ela Sereia.





II



O pedaço homem toca

o punhado mulher nela.

Dali em diante

os corpos

São terras estrangeiras,                                                  

Chão ainda não pisado.

O exilio é o Outro,

O ausente é, por hora, o

Amante.

A posse me é um reino

Saqueado pelo

absurdo.






III

Já tem parte de mim,

E apenas parte;

Isto é tudo que terá.

...Nesses becos vadiam                                           

Os meus passos

Dos quais tem o mapa

Cravado bem ai

Em suas costas.

No seu pouco de Peixe

Tem ainda um pouco

Da selva que

Guardo em mim.

Seca os cabelos, vista-se

E parta. Parte.

Porque o mar é tão ou mais doce

Que a minha terra tatuada.

Já tem parte de mim,

E isto é tudo

que terá. Parte.



Rafael Vate Caetano