3 de jun. de 2010

Cartesius

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Ás seis horas o estrondo do despertador. Maldito “penso logo existo”! Levanta e em um ato de raiva ou sabedoria joga a peça antiga de marcar o tempo de encontro à parede. O relógio não quebra. Um pensamento nasce com ele.
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Deita no chão direciona seu olhar para o teto. Continua ali, a percorrer a vista pelo seu mundo. Dorme.

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Bate a porta da casa, corta o corredor para o quarto sem deita palavra. Fecha a porta e fala: quem sou eu?

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Já passa das 22 horas e decide acender a luz. Quem sou eu? Seus Lábios repertem a duvida que o persegue dias afora.


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 Não vai jantar? O livro cai no chão. Alguém pergunta. Vou comer ? Como se nem sei quem sou? Decide. Não vou. Senta no chão para pegar o livro caído. Em posição de lótus volta a folhear o livro, o corpo perturbado pelo pensamento que lhe vinha: Se em certos momentos que não penso não existo, logo posso não existir por momentos que não penso. Como se eu tivesse lapsos de não existência.

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Vai até á estande e retira O Discurso do Método, comprado em um sebo na Rua do Rosário. Folheia as páginas.

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 Não há lapsos de memória? Então porque sua hipótese não poderia está certa?

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Ás seis horas o estrondo do despertador. Maldito “penso logo existo”! Levanta e em um ato de raiva ou sabedoria joga a peça antiga de marcar o tempo de encontro à parede. O relógio não quebra. Um pensamento nasce com ele:talvez sejamos como a caixa que protege este relógio. Uma armadura a esconder nosso eu.

RVC